Sunday, May 02, 2010

Reflexões de mais uma semana muito conturbada. Fiquei insegura, mas acredito que minhas atividades são boas, fico esperando a hora de apresentar aos alunos para ver suas reações. Quando percebo que eles gostam fico feliz e vendo que eles aprendem a felicidade é duplicada. Esta semana planejei trabalhar em grupos, pois, não demonstram muito interesse e sentam-se com os amigos e é somente brincadeira.

Utilizei uma técnica diferente para montar os grupos. Eles teriam que montar uma gravura e esta mesma gravura seria trabalhada no grupo. Eles teriam que analisar na gravura a forma de convivência utilizada. Teriam que discutir se era correta e porque, poderiam dar outros exemplos semelhantes e depois apresentar ao grupo. Eles ficaram animados e curiosos. Trinta alunos se comunicando para descobrir o pedaço que faltava para completar a gravura, só poderiam gerar barulho, não bagunça. O barulho da inquietação, da descoberta, da motivação do desconhecido. Depois vinham felizes com sua gravura montada e perguntando onde montar seu grupo. Tudo isso gera barulho, é obvio e compreensível. Mas para uma pessoa não foi compreensível. Alguém que ainda vive nas sombras do militarismo, onde nada era permitido e o silêncio era imperante. Será que ainda hoje o silêncio é sinônimo de aprendizagem? Minha diretora não gostou do barulho da minha sala, e segundo minha colega, não estava alto, pois não percebera. Lembrei de ter postado no blog um comentário em 2007. Uma pesquisa feita com a turma sobre barulho na sala e a tutora Daiane comentou dizendo:

- Malu querida, escola silenciosa?! Hum... Não sei não hein?! Na escola tem vida, tem crianças, tem emoção. Não sei como seria uma escola silenciosa.

Claro que ao falar “mais silenciosa” estava me referindo a menos barulho, e não no sentido mais amplo, mas ela esta consciente que em uma escola na pode haver silêncio.

A diretora não está conseguindo perceber o mais importante, que meus alunos quase não brigam como no ano passado, que não instigam mais as brigas e provocações. Claro que sempre há provocações, mas elas param por ai. Nos dias que se seguiram não consegui aplicar meu planejamento, fiquei bloqueada. Não sabia o quanto estava correta. Ela chegou a insinuar que meus professores não me avaliariam bem porque não tenho domínio com a turma.Fiquei pensando, então os professores da faculdade ou palestrante de seminário também não tem pois sempre há tumulto nestes encontros. Nos três dias seguintes, não trabalhei no planejamento, mas trabalhei dentro do projeto, não fiz trabalho em grupo e minha diretora ficou muito feliz. Havia mandado e-mail para o meu professor, Paulo Albuquerque e tutora, Rossana Della Costa. Estava ansiosa para receber suas orientações. Estaria errada? Realmente não deveria trabalhar em grupo com uma turma tão grande? E a resposta foi que deveria trabalhar sim, que segundo Wallon esta é a melhor forma de se aprender, e que deveria prosseguir com meu planejamento. Fiquei aliviada. Tenho alguns problemas de auto estima e agora voltaram com tudo, fiquei me sentindo muito incapaz, e isso acaba gerando coisas reais, acabo prejudicando meus alunos em não desenvolver o trabalho que havia preparado para eles. O maior desafio do estágio é me tornar segura, confiante e acima de tudo saber me impor. Duas colegas com quem desabafei me disseram que eu não soube me impor. Eu penso que agi com ética, a diretora não usou de ética para falar daquela forma comigo na frente de meus alunos, eu não fiz o mesmo, não critiquei o seu gesto na frente de meus alunos para que eles não a desrespeitem. Essa conversa poderia ter sido a sós, mas ela não me procurou e eu também não.

Fica a experiência e o desejo de mudar, de ser dona da minha sala e de que eu sou a pessoa mais indicada, neste momento, para saber das necessidades de meus alunos. Vou prosseguir...

1 comment:

Beatriz said...

Parabéns!!! Gostei de ver!! Pena que sempre há alguém puxando para o lado errado. E pena que seja a Direção que é fundamental no processo de atualização da escola. Uma pena!! Ela está desatualizada e isso a impede de ver que o caminho não é mais o da boca fechada. Naverdae, há um certo medo de não controlar o que se passa na escola.
Nada de deixar a estima cair no pé. Ao contrário, tivestes uma confirmação de que o que fazes é o que esperamos. Eu gostei muito das tuas ponderações e te sugeriria que falasses com a tua Direção, de uma forma tranquila e segura, mostrando o trabalho que estás fazendo e o quanto o barulho da gurizada significa vida e aprendizagem. Procura traze-la para o teu lado, para que ela tb cresça junto com vocês. Um abração
Bea