Saturday, May 29, 2010

Hoje assisti a uma palestra com Gabriel Chalita. Fiquei encantada com a meiguice do olhar, voz mansa, sorriso franco. Ultimamente tenho estado envolvida com situações que mostram que o professor não tem mais sonho, e os que sonham, que têm ideais, são ridicularizados por seus próprios colegas que desaprenderam a sonhar.

Nesta semana ouvi duas professoras conversando sobre uma terceira, que não estava presente. Diziam que ela era sonhadora, idealizava coisas que não poderia mais ser vivido no magistério. Coloquei-me no lugar dela e percebi porque as coisas não estavam dando certo para mim ultimamente, eu era uma idealista. E hoje não há mais lugar para idealistas. Partindo dessa visão, percebi que tenho que me tornar mais dura. Estou ensaiando para isso, mas não é isso que eu quero. Quero continuar a olhar meu aluno no olho, ouvir sua história, interferir com a minha quando imagino que possa ajudar. Estava sem rumo. Preguiça de acordar cedo, num sábado, e ir a uma palestra. Fui. E o que eu encontrei? Um doutor que afirma que o professor tem que ser idealista, olhar seu aluno no olho, ouvir suas histórias. Achava impossível encontrar alguém, nos últimos dias, que fale com tanto amor e respeito por sua profissão. E, no entanto, encontrei um cara que poderia ser arrogante, encantar pela humildade e simplicidade. Que coloca o professor no mais alto grau, e não se vangloria disso.

Percebo que trilho um caminho semelhante ao dele, quero me tornar melhor para ter o melhor para dar aos meus alunos. Busco inovar para que meus alunos despertem o desejo e a compreensão de que são capazes.

Sei que não sou perfeita, mas o que me assusta é saber que não sei praticamente nada. Quero saber mais, não para “enfiar goela a baixo” dos meus alunos, mas para saber conduzi-los pelo caminho certo ao encontro do conhecimento.

O que conclui em mim, é que não consigo ser uma professora enérgica. Tenho colegas que dizem que eu mostro demais os dentes. Pasmo! Não posso sorrir para meus alunos e ser amiga? Claro que posso, e segundo Chalita, devo. Mas tenho que aprender a conciliar isso com alunos mais disciplinados. Sei que cada um tem uma fórmula, mas eu tenho que desenvolver a minha. Isso me assusta um pouco, não quero perder a doçura no olhar e quero adquirir uma voz mansa. Mas para isso tenho que aprender a não me deixar levar pelo pensamento dos outros. Tenho que acreditar em mim. Tenho batido tanto nesta tecla nestes quatro anos e não aprendo. Eu tenho que saber claramente quem eu sou, o que eu quero e onde quero chegar. E não importa se os colegas se sintam incomodados, se o meu trabalho não é aceito e que no magistério não há mais lugar para idealistas.

Duas frases de Chalita que vou levar comigo:

“Eu não posso dar o poder para outra pessoa me destruir.”

“A felicidade não está no extraordinário e sim no ordinário. O prazer está nas pequenas coisas.”

Encerro minha reflexão, admitindo que tenho que confiar mais em mim e que a felicidade e o prazer na minha sala está nos pequenos atos, nas coisas que ninguém mais pensa em realizar.

Sunday, May 23, 2010

Ensinar com jogos

Ontem participei de uma oficina de matemática, A Thurma, de Clarissa Golbert. Amo matemática e sou apaixonada por jogos. Os jogos fazem a criança entender no concreto, brincando e aprendendo. Principalmente a multiplicação, que muitos ensinam a decorar. Na verdade temos que entender o mecanismo de sua construção e então, com a prática memorizamos. Aprendi jogos que fazem exatamente isso.

Mas uma dúvida me ocorreu no momento e não pude deixar de perguntar para Gessilda (que estava ministrando o curso).

- Vendo tua empolgação em falar de jogos, não consigo imaginar crianças jogando, aprendendo e brincando sem barulho ou agitação.

Ela me olhou sem entender e disse:

- Mas o barulho faz parte.

Então falei que para minha diretora não.

Ainda me sentia angustiada. Mas as respostas estão aparecendo. Estávamos em doze. Treinamos os jogos e a cada jogada tinha muita conversa e vibração. Pensei. Se professores, riram, conversaram e vibraram, porque os alunos têm que ser diferente? A cada esclarecimento, percebo que não estou sozinha e que a caminhada rumo à mudança é lenta.

Friday, May 21, 2010

Refletindo sobre a reprovação, percebo sua ineficácia. A proposta da reprovação é o aluno se fortalecer, mas sabemos que isso não acontece. Os meus alunos mais fracos são os que já reprovaram alguma vez.

Em 2007 reprovei um aluno muito fraco, com esta ideia de se fortalecer. Mas ao falar com a professora, esta disse que não iria perder tempo com ele. Arrependi-me amargamente. Em 2009 ele voltou para mim mais fraco. Trabalhei com ele.

Como professores de séries iniciais, temos que ajudar nossos alunos a preencherem as lacunas que vão ficando abertas a cada ano. Por isso o professor precisa ser dedicado, para poder acrescentar em seus alunos o que ficou faltando do ano anterior.

Percebo em meus atuais alunos uma grande defasagem na escrita, exemplo disso é uma aluna que ao escrever ‘ficou tranquilo’, ela escreveu ‘fco tokilo’. Fiquei muito preocupada e comecei a trabalhar mais intensamente a leitura, a oralidade e a concentração.

Comecei a fazer o saber ouvir (que já fiz em anos anteriores), conto histórias e eles têm que prestar atenção para depois um contar. Também estamos trabalhando muita leitura. Desta forma espero ajudar meus alunos a visualizar corretamente as palavras e começarem a escrever de forma adequada.